terça-feira, 15 de março de 2011

Música Multidimensional

Cada parte contém o todo. Esta premissa do modelo holográfico pressupõe que cada parte nossa possui o modelo total de nós mesmos. Por exemplo, fisicamente cada célula contém toda a nossa constituição genética. Em termos de energia, o padrão de energia em cada célula contém nosso completo padrão de consciência. Logo, somos tudo que existe. Quando exploramos nosso ambiente interior, também exploramos o universo.
Na estética musical esta premissa é caracterizada pela integração, na qual sinais musicais são aproximados e unidos como um todo, como a integração das três dimensões tradicionais (sucessão, simultaneidade e convergência) em um plano multidimensional.



O quarteto de cordas Fragmente-stille, an diotima (1980) de Luigi Nono (1924-1990) é uma obra multidimensional que impele os intérpretes a criar uma percepção intuitiva da consciência. Ao sugerir um diálogo entre a música e um interlocutor imaginário, os músicos se tornam simultaneamente os principais ouvintes, o locutor imaginário e o objeto de experiência, como se estivessem criando um diálogo entre os planos internos e externos.
Nesta partitura musical, o valor de cada nota é marcado da maneira tradicional mas com uma rede de fermatas superpostas que desaceleram o fluxo do tempo. Apesar destas fermatas estarem posicionadas em sequência de acordo com um princípio quase serial, um elemento surpreendente intercede às vezes: a uma nota curta pode ser dada uma fermata muito longa e, por outro lado, a uma nota muito longa pode ser dada uma fermata breve. Os músicos devem decidir os valores finais das notas. Nono sugere como os músicos possam respirar e os estimula a sonhar, a sempre pensar de maneira diferente e a permitir seus próprios ouvidos e rítmos internos a lhes guiar.
O resultado final da fracionalização intensa dos sons nesta peça é que cada fragmento contém o todo. É uma integração de cada fragmento em uma linha de tempo interrompida em diversas maneiras.

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