sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Fórum Musical da Primavera 2010


No encontro realizado no dia 19 de dezembro, 
cerca de 20 participantes discutiram os temas:


     ·       Aprendendo a ouvir outro músico conscientemente
·       O que é Música?
·       A consciência humana e suas diferentes expressões
         desde a Idade Média até os dias de hoje
·       Música bidimensional, tridimensional e multidimensional
·       A influência da música como realidade vibracional 
         na consciência humana e sua sáude física e psíquica




"O motor da história é a consciência" (Koellreutter)






"A música é uma revelação superior a toda sabedoria e a toda filosofia."  (Beethoven)




"Aquele que compreender minha música, se livrará de todo e qualquer sofrimento" (Beethoven)




























"A música não foi dada ao homem com o objetivo de satisfazer seus sentidos, mas sim para acalmar os transtornos de sua alma" (Platão)


"Na minha dança 
os artifícios da dança 
são deixados de lado, 
os grandes ritmos da vida 
conseguem aparecer 
através do instrumento 
físico, as profundezas da 
consciência recebem um 
canal para a luz do nosso dia. Essas profundezas da consciência 
estão em todos nós" 
(Isadora Duncan, Fragmentos autobiográficos)






"Um pintor que trabalha com tinta nanquim senta-se diante dos seus alunos, examina os pincéis e arruma-os pausadamente. À sua frente, sobre uma esteira, está estendida uma longa e estreita tira de papel. Finalmente, depois de haver permanecido durante longos momentos em profunda concentração, cria, com traços rápidos e precisos, uma imagem que, não necessitando de nenhuma correção, serve de modelo aos seus alunos." (Herrigel, A Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen)





"Na visão oriental do mundo, então, a divisão da natureza em objetos separados está longe de ser fundamental e tais objetos possuem um caráter fluido e em eterna mudança. A visão oriental do mundo é, pois, intrinsecamente dinâmica, contendo o tempo e a mudança como características fundamentais. O cosmo é visto como uma realidade inseparável, em eterno movimento, vivo, orgânico, espiritual e material ao mesmo tempo"  (Capra, O Tao da Física)






"De acordo com a teoria da relatividade, o espaço não é tridimensional e o tempo não constitui uma entidade isolada. Ambos acham-se intimamente vinculados, formando um continuum quadridimensional, o "espaço-tempo". Na teoria da relatividade, portanto, nunca podemos falar acerca do espaço sem falar acerca do tempo e vice-versa; o conceito newtoniano de espaço absoluto é posto de lado, assim como o conceito de tempo absoluto." (Capra, O Tao da Física).










"Os elétrons se manifestam como um padrão de probabilidades, espalhados pelo espaço e a forma deste padrão muda com o tempo, o que para a percepção humana pode parecer movimento. Em outras palavras, o elétron fica espalhado numa vasta região e que, ao ser medido, ele coagula num pequeno ponto. Manifestam uma estranha existência entre potencialidade e realidade."  (Capra, O Ponto da Mutação)










"A história nunca elimina, ela sempre integra" (Koellreutter)





Sobre o ritmo...


O ritmo passa pela história da música ocidental basicamente por três níveis: não-métrico, métrico e amétrico. O ritmo não-métrico é o ritmo ligado à fala, à natureza. À prosódia, como por exemplo, grande parte da música indígena, o canto gregoriano. "Quando o mundo começou na época mais racional, que começamos a medir o tempo, nasceu o  relógio, a ideia do ontem, hoje e porque. Então, quando a gente entrou nesse mundo racional, o mundo começou a ficar todo medido, descobriu-se que  a Terra girava em torno do sol. E na arte o ritmo passou a ser medido também, passa ao ritmo métrico, que você pode acompanhar como se fosse o pulso do coração", diz.



Do século XX até os dias de hoje, a arte começou a sair da medida. Tudo que é medido começou a ser questionado, tanto na música quanto nas outras artes. "Por exemplo, no cubismo de Picasso você não tem mais o olho, nariz e boca dentro da estrutura normal de um rosto. Um está em um lugar da tela e o outro em outro lugar distante na tela , então, a referência não é mais o espaço tridimensional. Começou a surgir na música o ritmo amétrico, aquele que está como a transcendência da métrica, ou seja, uma ideia de tempo multidimensional. Só  pode transcender a métrica depois que você é métrico, se não você não transcende".
Pra mim, o ritmo da minha música que crio no momento é multifacetado, em alguns momentos é métrico, mas na maior parte do tempo é amétrico. "O ritmo é métrico sem ser medido e amétrico sem ser multiforme. É um ritmo muito diferente que eu não saberia decifrar ainda, mas é uma evidência de que o estado de consciência com o qual eu acesso esta fonte é um estado bem do momento em que o mundo está vivendo hoje. Estamos rompendo as estruturas, está chegando um momento em que tudo será um só e que a gente vai transcender as estruturas antigas", ressalta.