sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Sobre o ritmo...


O ritmo passa pela história da música ocidental basicamente por três níveis: não-métrico, métrico e amétrico. O ritmo não-métrico é o ritmo ligado à fala, à natureza. À prosódia, como por exemplo, grande parte da música indígena, o canto gregoriano. "Quando o mundo começou na época mais racional, que começamos a medir o tempo, nasceu o  relógio, a ideia do ontem, hoje e porque. Então, quando a gente entrou nesse mundo racional, o mundo começou a ficar todo medido, descobriu-se que  a Terra girava em torno do sol. E na arte o ritmo passou a ser medido também, passa ao ritmo métrico, que você pode acompanhar como se fosse o pulso do coração", diz.



Do século XX até os dias de hoje, a arte começou a sair da medida. Tudo que é medido começou a ser questionado, tanto na música quanto nas outras artes. "Por exemplo, no cubismo de Picasso você não tem mais o olho, nariz e boca dentro da estrutura normal de um rosto. Um está em um lugar da tela e o outro em outro lugar distante na tela , então, a referência não é mais o espaço tridimensional. Começou a surgir na música o ritmo amétrico, aquele que está como a transcendência da métrica, ou seja, uma ideia de tempo multidimensional. Só  pode transcender a métrica depois que você é métrico, se não você não transcende".
Pra mim, o ritmo da minha música que crio no momento é multifacetado, em alguns momentos é métrico, mas na maior parte do tempo é amétrico. "O ritmo é métrico sem ser medido e amétrico sem ser multiforme. É um ritmo muito diferente que eu não saberia decifrar ainda, mas é uma evidência de que o estado de consciência com o qual eu acesso esta fonte é um estado bem do momento em que o mundo está vivendo hoje. Estamos rompendo as estruturas, está chegando um momento em que tudo será um só e que a gente vai transcender as estruturas antigas", ressalta.


Nenhum comentário:

Postar um comentário